domingo, 28 de agosto de 2011

Escreva algo para alguém que você não conhece.

O que você escreveria para alguém que não conhecesse, lendo o texto acima colocado em um trabalho numa exposição de arte? Minha reflexão sobre a comunicação entre as pessoas do mundo contemporâneo, não quero categorizar grupos ou áreas de conhecimento que poderiam responder a minha indagação, quero mesmo é apontar para experiências sensíveis aos assuntos que dizem respeito ao homem de hoje. Limites no interior de cada um são conhecidos a cada dia. Fronteiras são postas a todo o momento indicando territórios, por nós apropriados e com permissão de passagem somente por um documento, uma liberação oficial imposta ao direito de ir e vir. Passport, texto de Gustavo Ott, transposta para a cena teatral de Joinville na direção de Samuel Kuhn e levado ao palco com Vinicius da Cunha, Rodrigo Vargas e nada menos que Robson Benta, o ator que encerra a peça nos enfiando num dilema ao mostrar que, apesar de conhecermos o labirinto em que vivemos, não conseguimos o desvendar de sua saída somente por meio de nossas relações. Uma discussão tão necessária para os dias de hoje dominados por redes sociais dirigidas à comunicação [?] rápida entre as pessoas. A peça [vista dia 13ago11 no palco do teatro JM em Joinville] foi me pegando devagarinho, como uma tradução truncada, pelo ritmo de uma métrica orgânica e penetrável proposta pela Cia. Rústico Teatral ao espetáculo. Por vezes eu sentia um corroer em minha cabeça, as lembranças dos ruídos descritos por Kafka em A Construção, como a abrindo para receber o que os atores, entregues a seus personagens me passaram como almas de uma vida real. Sentir as nuanças de cada um, perceber espaços a cada tempo vivido. Os elementos muito bem organizados pela concepção coletiva da peça, no tempo em que eu estava ali na platéia, feliz por receber o visto em meu passaporte para a arte, a humanidade e o talento.



[Imagem editada a partir de foto de Fabrício Porto]



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